(…)”O ódio se espalhava como um vírus pelas redes sociais. Cada post, cada comentário, uma fagulha incendiando a mente dos incautos. A fúria virtual se materializava nas ruas, em protestos violentos e embates sangrentos. O mundo real se transformava em um campo de batalha, dividido entre os que amavam e os que odiavam.”
(…)”A desumanização do outro era a chave para a violência. O ‘diferente’ se tornava um alvo, uma ameaça à própria existência. O ódio cegava os olhos e atrofiava a compaixão. A empatia era substituída pelo medo e pela repulsa.”
(…)”Os políticos surfavam na onda do ódio. Discursos inflamados e promessas vazias alimentavam a divisão e o rancor. A polarização política se intensificava, criando um clima de guerra civil. A democracia se fragilizava, cedendo lugar ao autoritarismo.”
(…)”Em meio à escuridão, a esperança teimava em resistir. Pequenos grupos se uniam em nome da paz e do amor. A arte, a música e a literatura se tornavam armas contra o ódio. A educação era vista como a única salvação para o futuro.”
Manual prático do ódio
Livro – Manual prático do ódio escrito por Ferréz
Lançado em 2003, Manual prático do ódio é um registro feito de dentro de uma periferia urbana muito diferente da de hoje. Vinte anos depois, esta nova edição é um convite para analisar esse passado recente, para entender o que mudou e, sobretudo, o que permanece igual.
Desde a primeira página, Manual prático do ódio constrói um mosaico de cenários e estados de espírito que remetem a um espaço-tempo bem definido: a periferia de São Paulo do início dos anos 2000. Entre os flashes de cenas e personagens, descobrimos que os protagonistas são Régis, Lúcio Fé, Neguinho da Mancha na Mão, Aninha, Celso Capeta e Mágico, um grupo de amigos que, após anos tentando melhorar de vida por meios lícitos e ilícitos, planejam aquele que deverá ser o golpe definitivo para deixarem a pobreza: o assalto a um banco.
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O assalto em si, no entanto, aparece quase em segundo plano. Como escreve Heloisa Teixeira no posfácio desta edição, “a real trama é a aprendizagem do ódio, do medo e do amor”. Se em Capão Pecado, livro que tornou Ferréz conhecido e marcou um novo momento da produção literária nas periferias, a violência já aparecia como uma constante, aqui o autor vai ainda mais fundo, mergulhando nos pensamentos desse grupo de amigos em situação-limite, que arriscam a vida na tentativa de melhorá-la.
Conheça o Autor
Ferréz nasceu na Zona Sul de São Paulo, em 1975, e é um dos nomes fundamentais na difusão da literatura feita à margem dos centros urbanos. É autor de Capão Pecado (2000), Ninguém é inocente em São Paulo (2007), Deus foi almoçar (2012), Os ricos também morrem (2015), O demônio de Frankfurt (2021), entre outros. Suas obras foram publicadas na Alemanha, na Argentina, na Espanha, nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra, na Itália e em Portugal.
Detalhes do livro
Editora: Companhia das Letras; 1ª edição (6 fevereiro 2024) Idioma: Português Capa comum: 240 páginas ISBN-10: 8535935908 ISBN-13: 978-8535935905 ASIN: B0CQ3WDMSV Dimensões: 14 x 1.4 x 21 cm.