(…)”Todas as vezes que entro numa igreja, teatro, museu, escola, qualquer prédio ou construção, me curvo em reverência, inebriada com a quantidade de energia contida em cada parede, tetos, pisos, paredes… Fico imaginando a quantidade de mãos que neles tocaram, que trabalharam para erguer aquele espaço. Quantas bocas, quantas famílias viveram, se educaram, cresceram dessas obras… Quantas histórias estão contidas nesses tijolos. É desse sagrado que venho falar.”
(…)”Há várias formas de entrar numa obra, nós arquitetos podemos escolher. Desde a humildade tímida, exagerada e medrosa até o mais completo salto alto, aqueles que fingem não conhecer páreo, companheiro ou antagonista.”
(…)”Depois de viver várias fantasias sobre essas formas, digo hoje, com todo o respeito, que o melhor caminho é o da escuta – saber de nossa importância na execução e acompanhamento de um projeto, mas reconhecer, e muito, o quanto dependemos destes bravos e muitas vezes geniais executores para que o resultado final seja o melhor. Para todos.”
As mãos da obra
Livro – As mãos da obra: Histórias e reflexões de uma arquiteta no canteiro
Escrito por: Shirlei Zonis
Depois de percorrer a relação entre arquitetos e clientes a partir dos conceitos da psicanálise em Arquitetura no divã, Shirlei Zonis utiliza a mesma ferramenta para tocar em um ponto ainda mais sensível, o vínculo com os trabalhadores do canteiro de obras. Um tema que não está nos currículos de formação de profissionais de arquitetura, mas é marcante em sua rotina.
Mediada por sua experiência de campo e pela perspectiva psicanalítica, a autora conta histórias desses parceiros fundamentais, mas muitas vezes invisibilizados, e traz para o debate os desafios desse encontro e os impasses culturais que afligem um grupo tão representativo da sociedade e da desigualdade brasileiras.
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➡️Leia Trechos do livro: “As mãos da obra” de Shirlei Zonis
(…)O canteiro de obras é um lugar de tensões e conflitos, mas também de aprendizado e crescimento mútuo. A relação entre arquitetos e trabalhadores da construção é complexa e multifacetada, e precisa ser construída com base no respeito mútuo e na valorização do trabalho de cada um.
(…)O arquiteto precisa estar presente no canteiro de obras para acompanhar o andamento da obra e garantir que o projeto seja executado da forma correta. No entanto, é importante que o arquiteto saiba se comunicar com os trabalhadores da construção e respeitar seus saberes e experiências.
(…)O canteiro de obras é um espaço de aprendizagem para o arquiteto, que pode aprender com os trabalhadores da construção sobre as técnicas e materiais utilizados na construção civil. Além disso, o canteiro de obras também é um espaço de reflexão sobre a própria prática da arquitetura.
(…)A presença da mulher no canteiro de obras ainda é um desafio, pois se trata de um ambiente machista e patriarcal. No entanto, cada vez mais mulheres estão se aventurando nesse campo e conquistando seu espaço.
(…)As mulheres que trabalham no canteiro de obras enfrentam diversas dificuldades, como discriminação, assédio e violência. No entanto, elas também são capazes de superar esses desafios e construir uma carreira de sucesso na construção civil.
(…)O livro “As mãos da obra” é um importante documento sobre a experiência das mulheres no canteiro de obras. A autora, Shirlei Zonis, relata suas próprias experiências como arquiteta em canteiros de obras e reflete sobre os desafios e as oportunidades de ser mulher nesse ambiente.
(…)O canteiro de obras é um palco de tensões e conflitos, mas também de colaboração e aprendizado. A arquiteta, nesse contexto, precisa estar atenta às relações de poder e às diferentes culturas presentes no local, para poder mediar conflitos e construir pontes entre os diferentes atores.
(…)Para construir uma boa relação com os trabalhadores da construção civil, é fundamental que a arquiteta esteja disposta a ouvir e a dialogar. É preciso estar aberta a diferentes pontos de vista e a aprender com a experiência dos trabalhadores.
(…)O respeito mútuo é a base para uma boa relação de trabalho. A arquiteta deve tratar os trabalhadores com respeito, valorizando suas habilidades e conhecimentos.
Conheça o Autor
Arquiteta formada pela FAU UFRJ, Shirlei Zonis divide com Mario Victor Monteiro e Nina Zonis um espaço de criação em atividade desde 1984, atuando em especial no Rio de Janeiro.
Interessada em aprofundar o olhar sobre a relação entre arquitetos e clientes no momento em que estes últimos resolvem mudar alguma coisa na sua intimidade – a própria casa, ela cursou a formação teórica no Círculo Brasileiro de Psicanálise – CBP RJ.
A monografia do trabalho final foi a base para o livro Arquitetura no divã, atualmente em sua segunda edição ampliada e quarta reimpressão. Nesta nova empreitada, ela busca levar o mesmo ponto de vista reflexivo e empático para mais um elemento dessa equação, seus parceiros de obra.
Detalhes do livro
Editora: Olhares; 1ª edição (1 julho 2024) Idioma: Português Capa comum: 160 páginas ISBN-10: 6560920097 ISBN-13: 978-6560920095 ASIN: B0D51NGNQR Dimensões: 15 x 1 x 21 cm.
