Estado de sítio – Colonialismo digital: Por uma crítica hacker-fanoniana

(…) Este livro trata do colonialismo digital não como metáfora ou força de expressão, mas como a dinâmica do capitalismo tardio que constitui sua existência a partir de dois elementos intercambiáveis: uma nova repartição do mundo em espaços de exploração econômica e o colonialismo de dados. Assim, Deivison Faustino e Walter Lippold atacam o “coração gelado” do big data e do imperialismo que atualmente se alicerça cada vez mais na tecnologia.

(…) O surgimento das versões do ChatGPT, o boom da inteligência artificial em detrimento do metaverso, o colapso de grandes bancos e a demissão em massa provocada pela crise econômica no setor tecnológico após o fim da pandemia de coronavirus nos dão a impressão de que o mundo de 2021 – momento de escrita deste livro – não existe mais.

Livro ‘Colonialismo digital’

Colonialismo digital: Por uma crítica hacker-fanoniana (Estado de sítio)

escrito por: Deivison Faustino, Walter Lippold

Quais são os impactos das tecnologias em nossa sociedade? Que consequências enfrentamos com a concentração das principais ferramentas tecnológicas que regem a vida de milhões de pessoas no domínio de um punhado de empresas estadunidenses? De que maneira é possível relacionar algoritmos a racismo, misoginia e outras formas de violência e opressão?

Em Colonialismo digital: por uma crítica hacker-fanoniana, Deivison Faustino e Walter Lippold entrelaçam tecnologia e ciências humanas, apresentando um debate provocador sobre diferentes assuntos de nossa era. Inteligência artificial, internet das coisas, soberania digital, racismo algorítmico, big data, indústrias 4.0 e 5.0, segurança digital, software livre e valor da informação são alguns dos temas abordados.

A obra se inicia com um debate histórico e conceitual sobre o dilema das redes e a atualidade do colonialismo para, em seguida, discutir as expressões “colonialismo digital” e “racismo algorítmico”. Ao fim, apresenta uma reflexão sobre os possíveis caminhos a seguir, partindo das encruzilhadas teóricas e políticas entre o hacktivismo anticapitalista e o pensamento antirracista radical.

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Para discutir a relação dialética entre tecnologia, dominação e desigualdade e propor pautas fundamentais a movimentos sociais, os autores dispõem, ao longo da obra, da contribuição de intelectuais como Frantz Fanon, Karl Marx, Julian Assange, Shoshana Zuboff, Byung-Chul Han, Marcos Dantas, entre outros.

A edição conta, ainda, com a colaboração de referências no debate nacional: a apresentação é de Sergio Amadeu, especialista em software livre e inclusão digital no Brasil; e o texto de orelha é de Tarcízio Silva, pesquisador e um dos maiores nomes do hacktivismo brasileiro.

#TRECHOS do livro

(…) Este livro nasceu da convicção de que a introdução das tecnologias digitais altera profunda e irreversivelmente a dinâmica da luta de classes e das opressões, por exemplo, de raça e gênero. Por isso, entrevistamos, dialogamos e/ou submetemos o manuscrito a especialistas da área tecnológica, a pesquisadores, cientistas, hackers e militantes. Debatemos conceitos, dúvidas e tantas outras ideias dentro do espírito do conhecimento livre.

(…) A extração de ouro ilegal de terras indígenas e as cenas do genocídio ianomâmi, suas ligações com o colonialismo digital e o tecnofascismo brasileiro e o bolsonarismo reforçaram que capitalismo, colonialismo e racismo não se dissociam, como nos ensinou Frantz Fanon. Os softwares necessitam do hardware, que é produzido com matérias-primas como o ouro indígena brasileiro, a columbita e a tantalita (coltan) congolesas e o lítio boliviano.

(…) Observe que a expressão “transformação digital”, amplamente adotada por agências internacionais, governos e pela imprensa mundial, surgiu no meio empresarial norte-americano e foi consolidada pela consultoria Capgemini e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), que publicaram, em 2011, o texto Digital Transformation. Em seguida, inúmeros países passaram a seguir as orientações à digitalização. O Brasil também possui sua estratégia de transformação digital (2016), que segue a lógica de documentos similares de países completamente diferentes.

(…) A digitalização e a dataficação não eliminaram o racismo, mas o reproduziram e, em alguns casos, o expandiram pela gestão algorítmica. Bancos de dados que portam decisões racistas ao alimentar os sistemas algorítmicos de machine learning, como uma rede neural artificial, têm gerado padrões racializados e modelos racistas para tratar novos dados. Assim, a chamada inteligência artificial baseada em dados pode não apenas reproduzir, mas também ampliar, discriminações que buscamos superar.

(…) A competição intercapitalista não desapareceu no mundo dataficado, mas se intensificou. Empresas do grupo Alphabeth não entregam seus dados para as empresas Meta, que, por sua vez, não compartilham o que coletam para a Microsoft, a IBM, a Amazon ou quaisquer outras. Cada clique, cada ação nas redes, cada e-mail pode trazer uma informação importante para compor o perfil dos consumidores de produtos, serviços e ideologias. A coleta de dados parece não ter fim.

(…) Os caminhos a trilhar exigem decisões sobre situações complexas em que o poder se estrutura também pelas tecnologias. O controle do intelecto geral pelo capital reforça a alienação técnica e anula a inteligência coletiva local consolidando sua submissão ao marketing. Assim, vivemos na névoa da guerra, e nossa visão turva nos impede de perceber as armadilhas do neoliberalismo, fase doutrinária atual do capitalismo mundial. O fetiche da tecnologia é uma dimensão da alienação técnica que robustece a alienação do trabalho.

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Detalhes do livro

Editora: ‎Boitempo; 1ª edição (16 junho 2023)
Idioma: Português
Capa comum: 208 páginas
ASIN: ‎ B0C6G6LM2Q
ISBN-10: 6557172255
ISBN-13: 978-6557172254
Dimensões: 14 x 2 x 21 cm

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• Priorize as notícias e informações essenciais.
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Conheça os autores

Jim VandeHei é cofundador, CEO e chairman da Axios, companhia de mídia com foco em notícias nas áreas de negócios, política e tecnologia. Antes, cofundou e comandou o Politico, plataforma que revolucionou o jornalismo político em Washington e Nova York. Trabalhou por muitos anos como repórter do The Wall Street Journal e The Washington Post, cobrindo a Casa Branca e o Congresso americano. Foi nomeado Editor do Ano em 2016.

Mike Allen é cofundador da Axios, responsável pela cobertura editorial da plataforma e pelas newsletters Axios AM e Axios PM. Também foi cofundador do Politico.

Roy Schwartz é cofundador e presidente da Axios. Sob sua gestão a empresa esteve entre as que mais cresceram em 2021, segundo o Washington Business Journal. Foi sócio da consultoria Gallup em Washington e conselheiro de empresas da Fortune 500 na Califórnia para assuntos de engajamento de funcionários e clientes.

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Detalhes do livro

Editora: ‎Editora Sextante; 1ª edição (20 junho 2023)
Idioma: ‎Português
Capa comum: 224 páginas
ASIN: B0C59DRPLH
ISBN-10: ‎6555646659
ISBN-13: ‎978-6555646658
Dimensões: ‎14 x 1.3 x 21 cm

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