Operação impeachment: Dilma Rousseff e o Brasil da Lava Jato

(…) A imperdível reconstituição de cada lance do processo que culminou na queda de Dilma Rousseff.

(…) No centro do argumento deste livro está a ideia de que presidentes não são criaturas frágeis, expostas ao risco de cair por qualquer motivo. Impeachments “são, e devem ser, processos excepcionais”, diz o autor. “Suas consequências para o sistema político são incomensuráveis.” A partir de uma análise minuciosa do processo que levou à queda de Dilma Rousseff, Fernando Limongi esmiúça as entranhas da vida política brasileira, num retrato multifacetado que é também um bem-vindo contraponto à rinha ideológica que paralisou o debate de ideias no país.

Livro ‘Operação impeachment: Dilma Rousseff e o Brasil da Lava Jato’ por Fernando Limongi

No centro do argumento deste livro está a ideia de que presidentes não são criaturas frágeis, expostas ao risco de cair por qualquer motivo. “Impeachments são e devem ser processos excepcionais”, diz o autor.

A partir de uma análise minuciosa do processo que levou à queda de Dilma Rousseff, Fernando Limongi esmiúça a vida política brasileira, num retrato multifacetado, que é também um bem-vindo contraponto à rinha ideológica que paralisou o debate de ideias no país.

“Falar em ruptura era conveniente para ambos os lados. O PT e os partidos de esquerda equipararam o impeachment a um golpe de Estado, a uma reação às políticas públicas que o partido vinha adotando desde que chegara ao poder. A tese não se sustenta. Os partidos que teriam perpetrado tal golpe apoiavam o PT desde 2003. Se não objetaram às reformas em seu momento áureo, por que o fariam em 2016?”

#TRECHOS do livro

(…) Dilma foi a candidata possível. Como entrara tardiamente para o PT, tinha menos inimigos que as demais alternativas. Por isso mesmo, estava livre do fogo amigo que havia fulminado os competidores. Além disso, todas as correntes e os cardeais do partido podiam aspirar a cair nas graças da candidata e ser guindados ao posto de conselheiro-mor da princesa.

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(…) Dirceu esteve entre os apoiadores de primeira hora da solução Dilma. Em conversas com sindicalistas do setor petrolífero, explicou que o PT sairia ganhando, pois, sem o apelo popular de Lula, Dilma teria que recorrer aos seus quadros e militantes para governar. A identificação da candidata ao partido seria completa. Não é preciso acrescentar que, para Dirceu, ouvir o partido era o mesmo que ouvi-lo.

(…) Lula voou a Brasília com a intenção de ensinar à aprendiz como proceder. A aula era simples: fazer o que o salvara de perder o cargo na crise do Mensalão. “Saia do palácio, vá às ruas e cultive as bases do PT e não se esqueça de fazer política”, isto é, de atender às demandas dos políticos que integravam a base do governo. A crise que derrubou Palocci ofereceu a Lula a primeira oportunidade para entoar o mantra que repetiria sempre que tivesse uma demanda a fazer ou aliado a defender.

(…) A saída de Palocci implicou a redefinição das funções atribuídas à Casa Civil e à Secretaria de Relações Institucionais, ampliando a luta campal travada entre grupos e tendências iniciada com a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, que se estendeu ao preenchimento de postos nas comissões legislativas.

(…) Dilma aproveitou as comemorações dos oitenta anos do ex-presidente para devolver a mesura, ressaltando que Fernando Henrique fora um “acadêmico inovador”, um “político habilidoso”, e, contrariando a tese da “herança maldita”, afirmou que ele fora o “ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação”.

(…) As dores de cabeça de Graça Foster não se limitavam aos paraísos fiscais e às operações obscuras de subsidiárias cujos balanços eram a “incógnita”. No front interno, o descontrole também campeava. O problema maior tinha nome e endereço: Transpetro e o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Pro-mef). Dilma e Graça estavam pelas tampas com os “atrasos na entrega de embarcações contratadas, muitas delas a estaleiros que nem existem ainda, os chamados ‘estaleiros virtuais”.

(…) Dilma derrotou Aécio por uma margem estreita. A polarização entre militantes alcançou níveis inauditos. Como enfatizado pelas manchetes de todos os jornais, o país saíra da eleição rachado ao meio. No debate político pós-eleitoral, a campanha do PT, com seu recurso à contraposição povo-banqueiros, foi tomada como uma reafirmação da falta de princípios do partido e de seu DNA populista. O que poderia se esperar de uma presidente que, tempos antes, afirmara que “despesa corrente é vida”?

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Conheça o autor

Fernando Limongi é um renomado escritor reconhecido por sua contribuição significativa no campo da ciência política. Sua expertise e conhecimento profundo do assunto se refletem em suas obras, que abordam questões políticas e sociais de maneira perspicaz e acessível.

Limongi é conhecido por sua abordagem analítica e imparcial, fornecendo uma visão crítica e esclarecedora sobre temas complexos. Suas obras são amplamente respeitadas por sua pesquisa minuciosa e baseada em evidências, combinando teoria e prática para oferecer uma compreensão abrangente dos sistemas políticos.

Além de seu trabalho acadêmico, Limongi também é um escritor talentoso, capaz de transmitir seus insights de forma clara e envolvente para um público mais amplo. Seus textos são descritos como envolventes, informativos e provocativos, levando os leitores a refletir sobre as dinâmicas políticas e as instituições democráticas.

Fernando Limongi é uma figura respeitada no campo da ciência política e um autor cujas obras contribuem significativamente para o entendimento da política contemporânea.

Detalhes do livro

Editora: Todavia; 1ª edição (8 maio 2023)
Idioma: Português
Capa comum: 304 páginas
ASIN: B0C2FFFRLV
ISBN-10: 6556924350
ISBN-13: 978-6556924359
Dimensões: 13.5 x 1.8 x 20.8 cm

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Livro ‘O caminho da autocracia’

O caminho da autocracia: Estratégias atuais de erosão democrática

Escrito por: por Adriane Sanctis, Conrado Hübner Mendes, Fernando Romani Sales, Mariana Celano de Souza Amaral, Marina Slhessarenko Barreto.

O caos social, cultural e político instaurado a partir da eleição de governantes extremistas vem demonstrando que os parâmetros do século XX para compreender noções como golpe de Estado, democracia, ditadura e eleições livres carecem de atualização.

Como democracias consolidadas puderam se mostrar tão vulneráveis?

Como as novas dinâmicas da comunicação ajudaram a vilanizar e perseguir organizações não governamentais, universidades, instituições de direitos humanos e veículos de imprensa ― e também as pessoas físicas que os representam?

Os pesquisadores do LAUT – Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo, instituição que desde a sua fundação, em 2019, monitora a ascensão do extremismo, compilam neste livro dados de organizações internacionais de observação do ambiente democrático e expõem as táticas dos regimes autocráticos de Viktor Orbán na Hungria, Narendra Modi na Índia, Andrzej Duda na Polônia, Recep Erdogan na Turquia ― e também de Bolsonaro, ainda que o caso brasileiro seja uma feliz exceção de um processo suspenso de autocratização.

Se a reeleição e a consequente consolidação da autocracia não aconteceram no Brasil de 2022, os atos de 8 de janeiro de 2023 deram prova de que o extremismo não se dobra a derrotas eleitorais. Por isso, a responsabilização pelos ataques aos Poderes e à democracia resta como “medida fundamental” para interromper o caminho da autocracia na política brasileira.

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